Quando penso na aula de “educação sexual” que tive na escola, que a meu ver foi mais uma aula sobre menstruação e como são feitos os bebês, as principais coisas de que me lembro são: muitas risadas, bochechas vermelhas e um absorvente de “presente”. O que ficou claro é que deveríamos esconder nossas “vergonhas”, adiar ao máximo a iniciação sexual e isso deveria ser feito apenas dentro do casamento. Não havia meio-termo e ninguém disposto a sanar nossas dúvidas mais intrigantes.
Acredito que não sou a única que saiu da escola sem a menor ideia de que vulva e vagina são coisas diferentes e, pior ainda, com a concepção de que sexo e tudo a respeito dele é embaraçoso e deve ser falado apenas entre risos. Claro, a gente ouviu a história da abelhinha, dos óvulos e espermatozoides, mas quando se trata dos detalhes diários de sexo, masturbação e relacionamentos, temos que descobrir por nós mesmas. Então, aqui estão dez coisas que deveríamos de ter aprendido nas aulas de educação sexual.
1 – LITERALMENTE QUALQUER COISA SOBRE PRAZER FEMININO
Alguém realmente nos disse onde estava o clitóris? Ou para que serve? Porque eu definitivamente não me lembro disso. A dor, os medos, as comparações, a vergonha do próprio corpo e qualquer outra coisa que diz respeito ao prazer, são assuntos silenciados.
2 – MASTURBAÇÃO É NORMAL
Saí da escola com vergonha da masturbação. Eu fiz isso, mas eu nunca sonharia em contar a ninguém por medo de ser chamada de vadia. Quando, na realidade, a maioria das pessoas faz isso e gosta muito! Não poderia haver nada mais normal do que se masturbar. Inúmeros estudos mostraram que o prazer próprio ajuda em tudo, desde a qualidade do sono, a autoconfiança, o estresse e até dores de cabeça. Masturbação é autocuidado, isso é fato.
3 – MENSTRUAÇÃO NÃO É VERGONHA
A menstruação deve ser normalizada. Até hoje é comum ver jovens e até gente mais experiente correndo para o banheiro com um absorvente enfiado na manga por causa daquela vergonha internalizada de que a menstruação é suja e não é um tópico para discussão. E sendo bem sincera, TODOS devem aprender sobre menstruação, inclusive quem não menstrua.
4 – OPÇÕES DE MÉTODOS CONTRACEPTIVOS
Os homens usam camisinha e as mulheres tomam pílula. Essa é uma lição de controle de natalidade resumida em poucas palavras. Embora a pílula seja revolucionária e sua introdução tenha sido um grande marco no movimento de libertação das mulheres, não é para todos. Atualmente existem mais de 15 métodos contraceptivos e temos o direito de conhecer cada um para então escolher.
5 – CICLOS NATURAIS
Acho que não sou a única pessoa que aprendeu sobre ovulação e ciclos menstruais através de um calendário e posteriormente usando um aplicativo. Saber quando você está ovulando, menstruando e todos os dias intermediários é essencial para ter uma compreensão completa do seu corpo, humor, desejos e até mesmo se o seu muco é normal ou está tentando lhe dizer algo. Conhecimento é poder e autonomia.
6 – VIBRADORES NÃO SÃO VERGONHA
Diga alto e claro: não há vergonha em usar um vibrador ou qualquer tipo de sex toy. Parece haver um mito persistente de que homens e mulheres que possuem e usam brinquedos sexuais ficam à margem da normalidade, quando, na realidade, as vendas de vibradores aumentaram constantemente e até aumentaram durante o bloqueio do COVID-19. Os produtos de bem-estar sexual são literalmente feitos para dar prazer, então por que achamos isso vergonhoso? A resposta é: eles não são e você pode possuir, usar e elogiar seu vibrador favorito ou plug anal o quanto quiser.
7 – TODOS USAM LUBRIFICANTE
O prazer deve ser exatamente isso, prazeroso. Se você se sentir desconfortável, uma boa e velha porção de lubrificante pode te ajudar. O uso de lubrificante pode tornar a penetração mais fácil, mais relaxada e, dependendo da sua preferência de lubrificante, um pouco mais excitante. Lubrificante não é um item de fetiche nem significa que o parceiro é ruim de cama, mas deve ser item de cabeceira de qualquer pessoa! Ele existe para tornar sua experiência melhor e não há nada vergonhoso em precisar ou querer.
8 – SUA SEXUALIDADE É SUA
Sua sexualidade não existe para outras pessoas. Você não é um artista que precisa dançar ao ritmo do tambor da sociedade. Cada um tem seus próprios desejos, necessidades e preferências, e elas são suas e somente suas. O prazer próprio e a exploração do bem-estar sexual podem te ajudar a descobrir quem você é e o que deseja.
9 – CADA PESSOA É DIFERENTE
É bem difícil encontrar duas pessoas que tenham experiência idênticas com sexo e prazer. Algumas gostam mais de sexo e masturbação do que outras, e tudo bem. Algumas pessoas sentem dor e lutam com a penetração, e não é culpa delas. Algumas pessoas podem chegar ao orgasmo através da penetração, mas outras precisam de estimulação externa, há quem tenha fetiches e desejos que fogem à normativa social. Quando se trata de sexo e prazer, não existe receita de bolo.
10 – CONSENTIMENTO
Relações sexuais saudáveis, dentro ou fora de um relacionamento, envolvem a negociação sobre aquilo que vai acontecer. O consentimento acontece de forma contínua no decorrer de cada encontro sexual e não pode ser fechado. Mesmo que uma das partes concorde inicialmente em fazer algo, ela deve ter o direito e a possibilidade de mudar de ideia a qualquer momento da relação, sem que isso se torne um problema. Eu acredito que, na verdade essa deve ser a primeira lição a ser aprendida.
